segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Guias de vinhos (2): o que queremos saber


Acho que já comprei guias de vinhos, não sei se dois ou três, e nunca mais tive motivo para o fazer.
O que vi, e não me cativou, foram listas eventualmente exaustivas do que se designa por notas de prova sobre uma grande variedade de vinhos (e, às vezes, nenhuma sobre vinhos que já conhecia) e pouco mais.
Mas não era isso que eu procurava, e procuro, e muito menos as notas de prova que enaltecem os sabores a frutas, tabaco, suor de cavalo ou seja lá o que for que há quem consiga descobrir em vinhos... cujo sabor predominante deve ser a vinho.
Conhecendo muito bem o Dão e as suas características, por exemplo, interessa-me conhecer o que existe no mercado (e onde é que se vende e os preços), como foram feitos os vinhos, as castas e os "terroirs", os locais onde os vinhos podem ser provados e devidamente apreciados antes de os comprar e talvez mesmo o seu produtor e o seu enólogo e, na perspectiva de viajar, restaurantes onde os possa provar... e os produtores que permitem, e organizam, as provas.
Interessa-me saber - tendo presente uma viagem recente ao Dão - quais são as perspectivas dos produtores dos magníficos tintos da Quinta da Fata e o que pensa o seu enólogo, conhecer os projectos da Quinta da Espinhosa, em Vila Nova de Tázem, de onde sai um branco excepcional, perceber o que é que é melhor nas adegas cooperativas de Silgueiros e de Penalva do Castelo, saber o que mudou na Casa da Passarela em Lagarinhos (que ultrapassou uma fase muito má para produzir vinhos que, apenas com base na prova de um dos que tem mais saída, podia estar a ser produzido no Ribatejo ou mesmo no Algarve), ficar devidamente esclarecido sobre as vantagens que tem a Dão Sul de fazer vinhos com uvas de diversas proveniências (que faz com que tivesse sido obrigada a deixar de usar a designação "Quinta de Cabriz" para só usar "Cabriz), o que se perdeu com a entrega da produção das vinhas das propriedades do general Santos Costa, em Alcafache, às Caves Messias, a importância do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão e quais os restaurantes de Viseu e de Nelas onde se encontram boas colecções de vinhos de Dão (como o óptimo Santa Luzia e o careiro Bem Haja).
Mas nada disto, nem em versões resumidas, se encontra nos guias de vinhos. E é pena.

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