domingo, 9 de setembro de 2012

As Leituras do Corvo gostou de "Triângulo"

Carla Ribeiro, autora do blogue As Leituras do Corvo, gostou de "Triângulo". A sua opinião (publicada aqui) reproduz-se na íntegra:


Joel Franco entrou para a Polícia Judiciária como forma de assimilar (e talvez de vingar) a morte de um amigo de infância. E agora tem algumas pistas para seguir. A sua investigação leva-o a Viseu e aos homens que estavam por perto quando o cadáver foi encontrado. Mas o que poderá Joel fazer é algo que nem ele mesmo sabe, pois o crime, se crime foi, prescreveu há muito tempo. Ainda assim, precisa de respostas. Entretanto, na capital, um cadáver é encontrado e homens poderosos conspiram para depor um chefe de governo que, por múltiplas razões, deixou de agradar. Os casos parecem não ter qualquer relação... mas é possível que a investigação de Joel e dos seus colegas venha a provar que não é bem assim.
Terceiro volume da série "Não Matarás", este é, ainda assim, um livro que não exige a leitura dos anteriores para compreender o enredo. Há, ainda assim, um lado positivo em ter lido, pelo menos, o anterior, já que algumas personagens, e principalmente o protagonista, se tornam mais familiares tendo acompanhado parte do seu percurso anterior. Este é, aliás, um dos vários pontos fortes deste livro. A forma como, desde as primeiras páginas, a personalidade e a missão de Joel Franco são facilmente reconhecíveis para o leitor, sendo fácil, dadas as circunstâncias, compreender os actos e as motivações que o comandam.
 Outros pontos fortes estão na fluidez da escrita e no ritmo compulsivo do enredo. Um estilo de escrita directo e uma história narrada em capítulos curtos, percorrendo o ponto de vista de diferentes personagens, mas sem nunca perder de vista a linha da narrativa, contribuem em muito para manter viva a curiosidade em saber mais. A isto, junta-se a teia de intrigas que, aos poucos, é desvendada, num enredo complexo, cheio de surpresas e que culmina num final de grande intensidade, quer a nível de revelações, quer de impacto emocional.
 Há, portanto, muito de bom para descobrir neste livro. Desde a elaborada intriga política que parece estar na base dos acontecimentos à forma como esta se relaciona com a demanda pessoal de Joel, há, ao longo do enredo, uma aura de mistério que, aliada ao crescendo de intensidade que marca o ritmo da narrativa, torna a leitura simplesmente viciante. E, além disso, há a personalidade de Joel. Assombrado pelo passado, mas determinado nos seus objectivos, com uma base de valores bastante sólida (mas passível de ser abalada por questões pessoais) e uma cativante capacidade de agir em circunstâncias inesperadas, Joel Franco surge como uma figura carismática, forte e com aquela medida de empatia que o torna próximo do leitor.
Mistério e acção nas medidas certas, ritmo viciante e um protagonista carismático como base para um enredo rico em intriga, mas também com um toque de emoção, a impressão que fica deste Triângulo é, sem dúvida, a mais positiva. Surpreendente e de leitura compulsiva, um livro que não posso deixar de recomendar.


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