terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"A Noiva Indiana", de Karin Fossum

Gunder, um solteirão norueguês de uma cidade do interior, sugestionado pelo que vê num livro que a irmã, Marie, lhe oferece, entusiasma-se com a possibilidade de encontrar uma noiva na Índia. E aí conhece Poona Bai, com quem se casa. Regressa primeiro ao seu país, para preparar as coisas, e Poona Bai irá mais tarde. Mas quando vai esperá-la ao aeroporto, Gunder é desviado por um acidente grave que lhe vitima a irmã e, sozinha, Poona Bai acaba por ser assassinada.
E quem foi? Bem... talvez seja mais importante saber porquê. Ou, mesmo, se terá realmente existido alguma motivação para o crime. Porque pode ter sido uma partida do destino.
Poona Bai será um brinquedo dos deuses como todas as outras personagens de "A Noiva Indiana", de Karim Fossum (Oceanos/Dom Quixote) e estava onde não devia estar, alheada do objectivo transcendente da sua vida a que parece ter querido voltar costas. E talvez tenha morrido por isso mesmo.
"A Noiva Indiana", apesar de classificado como tal, não é verdadeiramente um "thriller". A narrativa não segue as regras do género, atira o homicida para o caminho do leitor a meio da história, e preocupa-se é com os dilemas do universo concentracionário da pequena cidade de Elvestad e dos seus acabrunhados habitantes.
Embora tenha um homicídio e uma investigação policial,"A Noiva Indiana" está mais perto do romance existencialista do que do "policial". É um pouco como "O Estrangeiro", de Camus, com o seu homicídio... motivado pela luz do sol.
Permitindo-se a ilusão de ser um "thriller" clássico e sendo revelador, na sua especificidade narrativa, dos motivos que impedem os "policiais" nórdicos de se afirmarem na Europa com a mesma força dos "policiais" anglo-americanos, "A Noiva Indiana" é um romance notável.

1 comentário:

Unknown disse...

Quero tanto ler online esse livro.