terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

EDP - A Crónica das Trevas (8)

Apagão às 18h15. Além de privatizarem a EDP também deviam pôr esses idiotas a render, de alguma maneira. Mas a incompetência, fora das nossas fronteiras, é pouco valorizada...

Há coisas que o Acordo Ortográfico de facto não resolve...

... como se vê por este título e por esta notícia do "Diário de Notícias": Economia deverá "espandir-se novamente" a partir de 2013.

"A Noiva Indiana", de Karin Fossum

Gunder, um solteirão norueguês de uma cidade do interior, sugestionado pelo que vê num livro que a irmã, Marie, lhe oferece, entusiasma-se com a possibilidade de encontrar uma noiva na Índia. E aí conhece Poona Bai, com quem se casa. Regressa primeiro ao seu país, para preparar as coisas, e Poona Bai irá mais tarde. Mas quando vai esperá-la ao aeroporto, Gunder é desviado por um acidente grave que lhe vitima a irmã e, sozinha, Poona Bai acaba por ser assassinada.
E quem foi? Bem... talvez seja mais importante saber porquê. Ou, mesmo, se terá realmente existido alguma motivação para o crime. Porque pode ter sido uma partida do destino.
Poona Bai será um brinquedo dos deuses como todas as outras personagens de "A Noiva Indiana", de Karim Fossum (Oceanos/Dom Quixote) e estava onde não devia estar, alheada do objectivo transcendente da sua vida a que parece ter querido voltar costas. E talvez tenha morrido por isso mesmo.
"A Noiva Indiana", apesar de classificado como tal, não é verdadeiramente um "thriller". A narrativa não segue as regras do género, atira o homicida para o caminho do leitor a meio da história, e preocupa-se é com os dilemas do universo concentracionário da pequena cidade de Elvestad e dos seus acabrunhados habitantes.
Embora tenha um homicídio e uma investigação policial,"A Noiva Indiana" está mais perto do romance existencialista do que do "policial". É um pouco como "O Estrangeiro", de Camus, com o seu homicídio... motivado pela luz do sol.
Permitindo-se a ilusão de ser um "thriller" clássico e sendo revelador, na sua especificidade narrativa, dos motivos que impedem os "policiais" nórdicos de se afirmarem na Europa com a mesma força dos "policiais" anglo-americanos, "A Noiva Indiana" é um romance notável.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Cenas realmente chocantes

O "Correio da Manhã" tem estado a publicar excertos de conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro e o ex-reitor da ex-Universidade Independente (que têm sido reproduzidas no blogue Porta da Loja) relativas às habilitações que o também ex-dirigente do PS terá obtido na universidade privada que o seu governo mandou fechar.
O conteúdo destas escutas é chocante. Não só confirma as suspeitas menos abonatórias sobre o assunto como abre caminho a desconfianças ainda mais profundas e a dúvidas - ainda maiores - sobre a honestidade intelectual da criatura.
E é chocante, também, ao mostrar como a restante imprensa, incluindo aquela que é tratada como "réptil", a generalidade dos comentadores "tudólogos" e os muitos viuvos e viúvas desse PS e de outros sectores da "esquerda" ignoram olimpicamente a matéria, como se esta colecção de atitudes de um primeiro-ministro nessa altura em funções não representasse um verdadeiro atentado ao Estado de Direito e à democracia.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"Boardwalk Empire" - um triunfo da ficção audiovisual

"Boardwalk Empire", a série produzida por Martin Scorsese e Mark Wahlberg e com um extraordinário Steve Buscemi, é uma das melhores demonstrações da importância que a televisão hoje tem na ficção audiovisual.
Passada nos anos 20, na América do proibicionismo, harmonizando o "thriller" com a política e a crónica de costumes com os dramas de amor, "Boardwalk Empire" tem uma construção narrativa primorosa, um dinamismo visual inspirado, valores de produção de primeira linha e um leque de interpretações onde - e nunca é demais salientá-lo - sobressai a fascinante interpretação de Steve Buscemi na figura do cacique Enoch "Nucky" Thompson de Atlantic City. E não recua perante nada, como já é costume nas séries da HBO (de onde saíram a malograda "Roma" e a magistral "The Wire").

Steve Buscemi
Numa intervenção cheia de significado, na edição em DVD, é o próprio Martin Scorsese que salienta uma das grandes vantagens da opção televisiva: o arco narrativo da primeira temporada desenvolve-se sem pontas soltas e sem a menor quebra de ritmo durante quase seiscentos minutos (doze episódios de cerca de 50 minutos) e imagina-se o que não se perderia numa longa-metragem por mais longa que pudesse ser.
"Boardwalk Empire" tem, para esta década, a mesma importância que "The Wire" teve na década passada. E é sintomático que, à pala do "policial", consiga do mesmo modo dizer tanto sobre o mundo em que vivemos e de uma forma tão universal.
Por motivos que se desconhecem, as melhores séries costumam passar às escondidas na televisão portuguesa. Foi o caso de "The Wire", foi o caso, agora, de "Boardwalk Empire". Salva-as, e a nós, a edição em DVD que vale tudo o que custa.

Porque não gosto dos CTT (15)

Escrevi "Estão acima da média em matéria remuneratória (o salário mínimo na empresa é de 550€ e o salário mínimo nacional é de 485€), já para não falar do "subsídio de incómodos", independentemente da competência e da eficácia e graças à posição de monopólio em que agem, num completo desprezo pela população que é cliente à força" em "Porque não gosto dos CTT (14)" e recebi este "comentário":"tu és um cabrão".

Na realidade, contra factos não há argumentos...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Porque não gosto dos CTT (14)

Estão acima da média em matéria remuneratória (o salário mínimo na empresa é de 550€ e o salário mínimo nacional é de 485€), já para não falar do "subsídio de incómodos", independentemente da competência e da eficácia e graças à posição de monopólio em que agem, num completo desprezo pela população que é cliente à força.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Carnaval da austeridade

Deve ser muito mais aliciante para a "troika", e para quem tem a responsabilidade de negociar com ela, ter como pano de fundo o País a festejar o Carnaval do que a manifestar-se violenta e desesperadamente como na Grécia. Só pode significar que a austeridade até está a ser muito bem aceite...

Porque não gosto dos CTT (13)

Nos CTT não se trabalha hoje. Aliás, nos outros dias parece-me que também já não se trabalha muito.
Seja porque para eles é feriado, porque têm "tolerância de ponto" contra o patrão-Estado, porque simplesmente é Carnaval ou por qualquer outro motivo que, numa empresa onde o pessoal beneficia de um "subsídio de incómodos" por ter de trabalhar, não deve ser difícil de inventar.
E, no entanto, os CTT fazem, ao que consta, um "serviço público", expressão que cobre tudo, desde o monopólio de um serviço exclusivo (como é o caso) ao prestígio da Pátria (coisa difusa que é tanto mais beneficiada quanto menos se trabalha). Só que este "serviço público" de pouco nos serve.
Na prática, o que recebemos é um serviço em jeito de bardamerda que inclui estações fechadas e subdimensionadas, distribuição de correspondência quando muito bem lhes apetece, a completa ausência de garantias de que aquilo que enviamos ou devemos receber chega ao destino em tempo razoável e a dúvida permanente sobre o que pode, ou não, ter sido extraviado.
Há quem não queira os CTT privatizados. Deve ser porque, na prática, a empresa já está "privatizada"... pelos seus extraordinários administradores e pelo seu dedicadíssimo pessoal.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Eles gozam e nós pagamos

Se o Governo decidiu intervir não se nota, mas os prejuízos das empresas do Estado continuam a aumentar. Já vão em 1,5 mil milhões de euros, cabendo 90 por cento deste valor às empresas de transportes públicos (1367 milhões de euros), cujos gestores continuam a gerir(-se) despreocupadamente e onde o pessoal também não desiste das suas despreocupadas greves e cuja factura pagamos nós todos, mesmo aqueles que não beneficiam em nada dos belos transportes públicos de Lisboa e do Porto. 
Os pormenores estão no "Público" de hoje, que cita pormenorizadamente um relatório da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nós também pagamos os desmandos gregos

Pode haver "indignados" locais que gostem da "revolta popular" grega, dos respectivos desmandos e da tentativa de não pagarem aos credores mas convinha que se lembrassem de que vamos todos pagar o dinheiro que o Millenniumbcp lá perdeu e estamos sempre a tempo de ter de pagar também as perdas do BPI nesse domínio. Fora o que nos pode acontecer se a Grécia abandonar o euro. Assim ainda lhes acham graça?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

"The Walking Dead" em regresso auspicioso

A segunda temporada de "The Walking Dead" manteve, até ao final do episódio 7 (que pareceu ser o último da temporada) um tom palavroso e vagaroso, com o grupo de refugiados alojados numa quinta e à procura da rapariga desaparecida. De repente, o episódio 7 terminou com um "tour de force" drástico: a rapariga, Sophia, era um zombie e estivera o tempo todo ém cativeiro e perto deles.
Depois de um intervalo de meses, a segunda temporada (Fox, terças-feiras, 22h20), regressou esta noite para mais seis episódios e recomeçou melhor. É possível que não retome o tom mais vivo que Frank Darabont imprimiu à primeira temporada mas, para já, e sem concorrência, é de seguir.
Já agora: a terceira temporada é inaugurada em Outubro nos EUA.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Endoideceram

Portanto, o PCP e a CGTP estão de acordo com a contestação violenta na Grécia, os assaltos a bancos e a queima de bens privados e públicos e o saque de lojas (que devem ser todas dos grandes capitalistas), segundo se pode ler nestas declarações insensatas.
Com jeitinho, ainda hão-de defender os assaltos à mão armada, os actos de vandalismo e o terrorismo se as pessoas atacadas tiverem alguma coisa de seu... isto é, se forem proprietários e capitalistas. Endoideceram, está bom de ver.

Fernando Assis Pacheco

"Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco", de Nuno Costa Santos (ed. Tinta da China), é uma bela "crónica biográfica" e uma boa evocação de Fernando Assis Pacheco, jornalista e escritor com quem tive o privilégio de trabalhar em "O Jornal".

Os poucos defeitos de "Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco", talvez causados pela pressa, não retiram à obra a enorme virtude de contar a história desse homem singular, autor do admirável e divertido "Trabalhos e Paixões de Benito Prada".
E só lhe faltará um enquadramento: Fernando Assis Pacheco foi mais uma das vítimas (com Afonso Praça, Manuel Beça Múrias e familiares deste jornalista) do conflito (de princípios, digamos assim) entre o "grupo do 'Diário de Lisboa'" e o "grupo da 'Capital'" na então Projornal, que acabou vendida a Pinto Balsemão pelo vitorioso "grupo da 'Capital'".

sábado, 11 de fevereiro de 2012

As séries da BBC


Na década de 70 começou a falar-se num "estilo BBC" como exemplo do que podia ser feito de qualidade em séries de televisão.
Uma versão de "Guerra e Paz", em 1972, foi uma surpresa (até pelo contraste com a pastosa versão cinematográfica do soviético Serguei Bondarchuk, de 1967), as adaptações de John Le Carré  ("Tinker Taylor Soldier Spy", "Smiley's People" e "A Perfect Spy") e os dramas sociais como "A Família Bellamy" (de que "Downton Abbey" é um semi-"remake") foram exemplares mas o ponto alto da BBC foram as séries "de época" como "Elizabeth R" e "As Seis Mulheres de Henrique VIII" e "Os Césares" e "Eu, Cláudio".
A recente edição destas séries em DVD demonstra a qualidade da elegante combinação de ambientes, de interpretações (como Alec Guiness a fazer de Smiley, Glenda Jackson portentosa como Isabel I e Derek Jacobi como Cláudio), de diálogos (e os de "Elizabeth R" são primorosos, quase como se Shakespeare os tivesse escrito) e de técnicas de realização televisiva que, misturando uma eficácia técnica assinalável com um estilo quase teatral, não conseguiram no entanto influenciar o cinema ou a televisão nas décadas seguintes.
Mesmo assim, é empolgante reencontrá-las, e agora a cores (nessa altura, a televisão não era a cores no nosso país), apesar dos quarenta anos que já têm e perante os quais se pode dizer, até, que amadureceram muito bem...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

EDP - A Crónica das Trevas (7)

Às 14h40 novo apagão. Não se sabe porquê, nunca se sabe porquê, só tenho memória de alegações imbecis ou descaradamente mentirosas.
Esta gente precisava de passar umas férias nos mesmos sítios e nas mesmas condições a que muitos chineses foram sujeitos no Grande Salto em Frente e na Grande Revolução Cultural Proletária. Só lhes fazia era bem...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Uma noite televisiva

Comecei ontem a ver a série "Boardwalk Empire" (a edição em DVD é muito boa). A seguir acompanhei mais um episódio de "House", cuja energia vital se vai esvaindo a cada passo e onde só o regresso de uma personagem tipo Cuddy poderia evitar uma lenta agonia. Depois ainda me esforcei por estar atento a mais um episódio de "Segurança Nacional".
Foi uma noite exemplar: "Segurança Nacional" é uma mediocridade pouco original com roupagens de luxo e a "forma" não compensa a falta de "conteúdo", "House" demonstra que as boas ideias não conseguem viver para sempre por melhores que sejam e "Boardwalk Empire" talvez seja um marco da ficção televisiva.
Desta tenho vontade de falar. Mas "House" precisa de um epitáfio e acho que vou arrumar "Segurança Nacional" na prateleira das irrelevâncias, juntamente com "American Horror Story".

domingo, 5 de fevereiro de 2012

E de novo a propósito da crítica literária que se ausentou para parte incerta...


Maria do Rosário Pereira, editora e autora, fez no seu blogue Horas Extraordinárias um reparo muito correcto sobre o modo como a comunicação social não acompanha, nem na recensão nem na crítica, o reduzido período de vida das "novidades" nas livrarias.
O reparo foi suficiente para um dos pequenos torquemadas do "Expresso" (que cultivam um tipo de "crítica" que, pelo menos no cinema e nos livros, parece excluir o entretenimento e cultivar uma melancolia de quem decidiu mudar o mundo pela proibição do prazer) acusar Maria do Rosário Pedreira de querer submeter a "crítica" às necessidades empresariais do sector livreiro em termos que fazem supor, por exemplo, que há-de ter tido algum projecto de romance seu recusado pela editora. (Presume-se, aliás, que só uma parte significativa desse sector empresarial é que deve ter essas necessidades malditas porque haverá outras partes, talvez mais amigas, que devem funcionar em regime "pro bono".)
Porque Maria do Rosário Pedreira tem toda a razão na observação que fez.
aqui escrevi sobre o desaparecimento da crítica literária da Imprensa e sobre o contraste gritante entre a liberdade de imprensa e a ausência de suplementos culturais mais abertos, como acontecia antes do 25 de Abril. Mas convém, já agora, acrescentar que o mesmo parece estar a acontecer no capítulo das recensões.
E num caso como no outro o que está em causa é o direito do leitor a ser informado do que vai saindo e o dever da Imprensa de, como acontece noutras áreas, registar os livros que vão sendo publicados e de os sujeitar, com regularidade, também à análise crítica de quem tem a capacidade de a fazer.
Deve haver motivos muito fortes para que isso não aconteça e que não se dê aos livros o mesmo tipo de atenção que se dá ao cinema, por exemplo, mas os que me ocorrem convidam ao uso de expressões menos correctas que, por agora, é de bom tom reservar.

"The Litigators", de John Grisham

John Grisham, considerado o "master of the legal thriller" (ou seja, o mestre dos "thrillers" passados nos ambientes judiciais), já pouco aparece em traduções portuguesas, o que até é de surpreender atendendo à importância de que se reveste o eterno debate sobre as forças, as fraquezas e as reformas e não-reformas da justiça portuguesa.
As suas obras mais recentes, como "The Confession", "The Appeal" e, agora, "The Litigators" mostram um autor capaz de se renovar e que, afastando-se dos mecanismos clássicos do "thriller", se debruça agora sobre histórias mais simples e mais directas, sem nunca abandonar os ambientes judiciais.

"The Litigators" é um exercício brilhante sobre a litigância em tribunal em torno da suspeita de um medicamento demasiado perigoso e sobre o trio de advogados que, quase por força do acaso, se vêem obrigados a um julgamento que só lhes pode ser útil para evitarem a bancarrota e queixas de más práticas profissionais e onde têm de enfrentar uma firma de advogados das mais poderosas.
"The Litigators", mais optimista do que "The Confession" (onde a confissão de um assassino quase moribundo não evita a execução de um homem inocente) ou ainda "The Appeal", mostra também um autor preocupado com os mecanismos mais perversos da justiça, na sequência do seu "The Innocent Man" (2008), relato sobre uma condenação à morte baseada numa investigação mal feita em que Grisham demonstrou como a realidade pode ser bem pior do que a ficção.

Actualização: "The Litigators" foi publicado em português pela Bertrand com o título "Os Litigantes" em Junho de 2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

EDP - A Crónica das Trevas (6)

Mais um apagão. Às 6h09. Ontem tinha sido às 6h06.

Se isto não é incompetência é o quê? Uma brincadeira?!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A lógica do mercado

Numa clínica veterinária o medicamento Conofite custa 23.50€. Noutra custa 14.50€. É a lógica do mercado.
Em vez de ir à primeira, passo a ir à segunda. É a lógica do mercado... em pleno.

EDP - A Crónica das Trevas (5)

Apagão às 6h06.

É apropriado dizer-se que a qualidade do serviço da EDP está ao nível da qualidade dos produtos das lojas chinesas. O preço é que não, infelizmente.