segunda-feira, 2 de maio de 2011

Livros: depois, quem os quer?

Ao longo de dezenas de anos juntei milhares de livros. Muitos que vieram da adolescência, os que fui comprando e recebendo como ofertas, outros de família e aqueles que os meus filhos não quiseram levar quando se autonomizaram. E, um dia, mudei de casa. E os livros? Que deviam ser, numa perspectiva optimista, cinco ou seis mil? Oh, um problema!
Uma parte foi oferecida ao Estabelecimento Prisional de Lisboa, por intermédio de um psicólogo que aí trabalhava e que conheci porque acompanhava uma pessoa de família. Outra pessoa de família perguntou na escola em que trabalhava à época (Escola Secundária Ferreira Dias, no Cacém) se a biblioteca quereria a outra parte. A resposta, sobranceira, foi algo como "Vá trazendo, que vamos vendo". Nunca para lá foram.
Ao tratar de documentos relativos à mudança de residência, vi que na Junta de Freguesia (Serra do Bouro, concelho de Caldas da Rainha) havia uma enorme sala vazia, e com paredes muito vazias, no respectivo Centro Cultural e Recreativo. Escrevi uma cartinha ao presidente, antes de perceber que não eram estes os livros que lhe interessavam. Disse que um dia me responderia. Nunca o fez. A sala continua vazia.
Fui à Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha e perguntei se os queriam. A receptividade foi surpreendente: queriam e agradeciam!
Durante alguns meses, fui trazendo os livros de Lisboa, frisando sempre que eu é que estava grato por poder dar uma segunda vida aos meus livros. Hoje continuo a entregar na biblioteca livros que não quero conservar e revistas (de cinema), que vou comprando. E sei que ficarão à disposição de outras pessoas, bem conservados e bem arrumados. E a quinze minutos de distância, se precisar de fazer alguma consulta, de (re)lê-los ou, simplesmente, de voltar a vê-los.

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